Revisões no cenário econômico do Brasil após a redução da taxa Selic pelo Copom
Publicado em 14 de maio de 2024 por
As revisões para a inflação e os juros no final de 2024 apresentaram um cenário menos otimista, devido à redução do ritmo de queda da taxa Selic pelo Copom do Banco Central. Segundo a pesquisa Focus, realizada semanalmente pelo Banco Central com analistas do mercado financeiro, a projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no final de 2024 subiu para 3,76%, ante 3,71% há aproximadamente um mês. Para 2025, as estimativas também aumentaram, passando de 3,56% para 3,66%.
O IPCA de abril de 2024 teve um aumento de 0,38%, contribuindo para um acumulado de 1,80% nos primeiros quatro meses do ano e de 3,69% nos últimos 12 meses. Os grupos Alimentação e Bebidas e Saúde e Cuidados Pessoais foram os principais responsáveis pelo aumento, destacando-se o impacto dos preços de alimentos como mamão, cebola, tomate e café moído, além dos produtos farmacêuticos.
A tragédia no Rio Grande do Sul também pode pressionar os preços dos alimentos, com expectativas de que o IPCA de 2024 possa atingir cerca de 4%. Apesar de estar acima do centro da meta inflacionária de 3%, as projeções indicam que a inflação permanecerá abaixo do teto de 4,5%.
As projeções para os juros no final de 2024 aumentaram para 9,75%, refletindo incertezas no cenário doméstico e internacional. Mudanças nas metas fiscais e expectativas em relação à política monetária do Federal Reserve dos Estados Unidos também influenciaram essas revisões.
Embora as expectativas para o Produto Interno Bruto (PIB) tenham melhorado, com a pesquisa Focus estimando um crescimento de 2,09%, persistem desafios como preocupações com as contas públicas, o cenário externo e os impactos da tragédia no Rio Grande do Sul sobre o crescimento econômico do país.
Analistas alertam que a catástrofe no Rio Grande do Sul poderá afetar o PIB do Brasil entre 0,2 e 0,3 ponto percentual, dificultando um crescimento mais robusto. A situação continua sendo monitorada de perto, enquanto persistem as incertezas sobre seu impacto total.
A economista da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Ieda Vasconcelos, prevê um crescimento de 2% para a economia brasileira este ano. “De uma forma geral, as perspectivas para a economia brasileira sinalizam um crescimento de cerca de 2%. O Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Ministério da Fazenda projetam uma expansão de 2,2%. Mesmo com o aumento dessas projeções, o Brasil deverá encerrar o ano com um crescimento inferior ao observado em 2023 (2,9%)”, afirmou.