Instalações elétricas e sistemas de prevenção contra quedas realizados conforme as normas evitam acidentes.
Publicado em 23 de julho de 2024 por
Para evitar os acidentes de trabalho mais frequentes na construção civil, como quedas e choques elétricos, não é suficiente ter apenas trabalhadores qualificados e cientes das normas de segurança. Também é crucial contar com instalações elétricas e sistemas de prevenção de quedas que sejam bem projetados e estejam em conformidade com as normas técnicas.
Essa recomendação é dos engenheiros José Bassili, gerente de Segurança Ocupacional do Seconci-SP (Serviço Social da Construção), e Gianfranco Pampalon, consultor de Saúde e Segurança do Trabalho (SST) da entidade, em alusão ao Dia Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho, celebrado em 27 de julho.
Bassili e Pampalon têm promovido uma série de palestras de conscientização nas regionais do Seconci-SP no interior de São Paulo, como parte da Campanha Choque Zero. Eles notaram que muitos participantes desconhecem a aplicação da Norma Regulamentadora NR 10 (Segurança em Instalações e Serviços Elétricos) e outras normas técnicas relacionadas à prevenção de riscos elétricos.
“Dos acidentes elétricos no país, 51% são causados por choques e 24% por efeitos como queimaduras de arcos elétricos ou arcos voltaicos (descargas elétricas contínuas de alta corrente através de um espaço de ar entre condutores). Por isso, é vital ter painéis adequadamente projetados e utilizar EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), como protetores faciais e vestimentas antitérmicas”, afirma Pampalon.
De acordo com o consultor, a maioria dos acidentes com choques elétricos na construção afeta não os eletricistas, que geralmente tomam as precauções necessárias, mas sim os pedreiros e operadores de betoneiras, que acabam em contato com instalações elétricas malfeitas e fora das normas. Daí a importância de boas instalações elétricas.
Prevenção de quedas
Quanto à prevenção de quedas, que são a causa mais comum de acidentes de trabalho na construção, a situação é diferente. “Os participantes das palestras da Campanha Queda Zero, realizadas pelo Seconci-SP no ano passado, demonstraram um bom conhecimento das medidas para prevenir quedas”, comenta Pampalon.
Segundo Bassili, a expectativa é que a ocorrência de quedas diminua após a recente publicação, em 3 de julho, pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), de duas normas técnicas sobre redes de segurança contra quedas e uma sobre guarda-corpos em obras. Bassili foi o secretário da comissão de estudos da ABNT que elaborou essas normas.
Estatísticas de acidentes
Os dados mais recentes do INSS sobre acidentes de trabalho notificados em 2022 indicam que a indústria da construção registrou 3.494 acidentes não fatais no Estado de São Paulo.
Em 2022, todos os setores econômicos juntos registraram 612 mil acidentes no Brasil, um terço dos quais (204 mil) no Estado de São Paulo. Destes, a cidade de São Paulo respondeu por cerca de 50 mil (25%).
Esses acidentes resultaram em 2.538 mortes no país, das quais 592 (20%) no Estado de São Paulo. Choques elétricos causam acidentes fatais a uma taxa de 1,32 por milhão de habitantes no Estado de São Paulo, uma incidência relativamente baixa comparada ao Acre, que possui a maior taxa, com 9,79 por milhão de habitantes.
Essas estatísticas, que envolvem os acidentes notificados, incluem acidentes de trajeto, que não necessariamente estão relacionados às condições de trabalho, alerta Pampalon. Além disso, os números não contabilizam os acidentes não notificados, especialmente na construção informal.
Segundo o consultor, o Brasil é frequentemente citado como um dos países com mais acidentes de trabalho, ocupando posições entre o quarto e quinto lugar. “Mas as estatísticas disponíveis nos comparam com países como Estados Unidos, China e Rússia, sem mencionar nações populosas onde há grande subnotificação, como Índia, Indonésia, Malásia, Filipinas e Nigéria”.