Empresas brasileiras intensificam a captação de recursos para infraestrutura, com investimentos projetados em R$ 259 bilhões para 2024 — um crescimento de 11,4% impulsionado pelo avanço das concessões. O aumento de Parcerias Público-Privadas (PPPs) e debêntures incentivadas tem sido estratégico, enquanto o governo busca estruturar soluções para atrair mais capital privado. No entanto, o volume de investimentos ainda está aquém do necessário para a modernização e expansão do setor.

Carlos Eduardo Lima Jorge, vice-presidente de Infraestrutura da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), destaca que o principal eixo de estímulo a esses investimentos está no Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). No entanto, diante das restrições fiscais do governo, o crescimento tem sido liderado pelo capital privado. “O governo vem ajudando a estruturar soluções voltadas para a necessidade de capital de investidores e companhias. Mas o que vemos crescer são PPPs e concessões, com aumento de 60% entre 2021 e 2024, comparado aos quatro anos anteriores”, afirma.

O financiamento de infraestrutura também tem se diversificado, e especialistas apontam as debêntures incentivadas — títulos de dívida emitidos por empresas para captar recursos — como um mecanismo essencial para viabilizar novos aportes.

Além das concessões rodoviárias, a expectativa é que, este ano, ocorram cerca de 30 licitações em serviços de água e esgoto. “Em saneamento, a estimativa é de R$ 69 bilhões em novos investimentos. Este ano, começam os de menor escala, atraindo empresas de médio porte. Isso amplia a concorrência, reduz custos e tarifas, e gera empregos”, explica Lima Jorge.

Ele também defende que a organização de um calendário estruturado de concessões no Brasil cria um cenário favorável para a expansão de obras e investimentos. Em 2023, foram assinados 212 contratos de licitações públicas entre PPPs e concessões, totalizando uma previsão de R$ 80,3 bilhões em investimentos, segundo dados da Radar PPP.

A reportagem de Glauce Cavalcante também traz análises de representantes da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) e da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

Entre os desafios apontados, destaca-se a necessidade de mais investimentos na manutenção, operação e modernização dos ativos de infraestrutura no país.

Fonte: O Globo.