Copom decide manter Selic em 10,5% após sete cortes consecutivos
Publicado em 20 de junho de 2024 por
Nesta quarta-feira (19), o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu manter a taxa Selic em 10,5% ao ano, encerrando assim um ciclo de reduções iniciado em agosto de 2023. Inicialmente, a previsão, conforme a Pesquisa Focus, era que a taxa Selic encerraria o ano em 9%, mas, devido às atuais condições econômicas, essa expectativa foi ajustada para 10,5%.
A manutenção da Selic ocorre em um cenário de crescentes preocupações com a inflação, que já ultrapassou o centro da meta estabelecida para 2024, situada em 3%, com uma variação de até 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Em maio de 2024, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal indicador de inflação no país, registrou uma alta de 3,93%.
Além dos desafios internos, como a inflação acima das expectativas e a recente desvalorização cambial que levou o real a atingir R$5,40 frente ao dólar, fatores externos também influenciam a política monetária brasileira. A tragédia no Rio Grande do Sul e a persistente alta da inflação global contribuem para a deterioração das expectativas econômicas.
Os efeitos da Selic em patamar elevado já se fazem sentir em diversos setores. A caderneta de poupança, por exemplo, registrou uma captação líquida negativa de R$16,971 bilhões apenas nos primeiros cinco meses de 2024. Desde 2021, as perdas acumuladas na poupança já ultrapassam R$205 bilhões, afetando diretamente o financiamento imobiliário no país.
No setor imobiliário, o financiamento com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) também apresenta números negativos. Nos primeiros quatro meses deste ano, foram financiadas 148.669 unidades, representando uma queda de 16,31% em comparação ao mesmo período do ano anterior.
Ieda Vasconcelos, economista da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), ressalta que a manutenção da Selic em níveis elevados prolonga a escassez de recursos para investimentos produtivos e tende a agravar as contas públicas, aumentando as despesas com juros da dívida. A expectativa é que o Banco Central continue monitorando atentamente os indicadores econômicos, ajustando sua política monetária conforme necessário para equilibrar crescimento e controle inflacionário.