Inflação de setembro supera expectativas, com alta de 0,44%
Publicado em 15 de outubro de 2024 por
Em setembro de 2024, a inflação oficial do Brasil, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), registrou um aumento de 0,44%, conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este resultado ficou levemente abaixo da expectativa do mercado, que previa um avanço de 0,45%, mas representa uma alta significativa em comparação ao mês anterior, que havia apresentado deflação de 0,02%.
O setor de Habitação foi o principal responsável pelo aumento do índice, com uma alta de 1,80%, impulsionada em grande parte pelo aumento de 5,36% nos preços da energia elétrica residencial. Este item sozinho contribuiu com 0,27 ponto percentual para a variação do índice, resultado da ativação da bandeira tarifária vermelha devido à seca no país. A economista da CBIC, Ieda Vasconcelos, esclareceu que “a mudança da bandeira verde para a vermelha patamar 1 trouxe uma cobrança adicional de R$ 4,463 a cada 100 kWh consumidos”.
Outro grupo que impactou significativamente o aumento do IPCA foi Alimentação e Bebidas, que subiu 0,50%, com um destaque especial para a alta de 0,56% na alimentação no domicílio. Frutas e carnes, especialmente o contrafilé, foram apontados como os principais vilões, segundo o IBGE. “Esses dois grupos juntos exerceram as maiores pressões sobre a inflação em setembro, em um contexto de aumento nos custos da energia e dos alimentos”, afirmou Vasconcelos.
No acumulado de 2024, o IPCA já apresenta uma alta de 3,31%, com um avanço de 4,42% nos últimos 12 meses, aproximando-se do teto da meta de inflação estabelecida para o ano, que é de 4,5%. As expectativas do mercado apontam para uma inflação de 4,38% ao final do ano, que, embora acima do centro da meta de 3%, ainda se mantém dentro do limite tolerado. “Caso esse cenário se concretize, estaremos acima do centro da meta, mas dentro do intervalo aceitável, o que exigirá um esforço contínuo de controle inflacionário”, destacou a economista.
Na última reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu aumentar a taxa básica de juros, a Selic, de 10,50% para 10,75% ao ano, marcando a primeira alta desde agosto de 2022. Segundo Vasconcelos, essa medida busca conter a inflação, encarecendo o crédito e reduzindo o consumo. “No entanto, a política monetária não pode agir sozinha. É fundamental um controle rigoroso das contas públicas para possibilitar uma queda sustentável dos juros”, concluiu a economista.