Selic é elevada para 12,25%, surpreendendo o mercado, anuncia Copom.
Publicado em 17 de dezembro de 2024 por
Nesta quarta-feira (11), o Banco Central anunciou um aumento de 1 ponto percentual na taxa Selic, que agora atinge 12,25% ao ano, o maior patamar desde novembro de 2023. A decisão provocou reações negativas de representantes do comércio, da indústria, centrais sindicais e políticos, que alertaram para os impactos dos juros altos na geração de empregos e na recuperação econômica.
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) manifestou surpresa com o aumento, enfatizando os potenciais efeitos adversos sobre o setor. Em entrevista ao vivo ao CNN Money, Renato Correia, presidente da CBIC, reforçou as preocupações com a escalada dos juros, discutiu os impactos negativos dessa decisão nos investimentos e avaliou os desdobramentos da regulamentação da reforma tributária no Senado Federal.
Para a economista da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Ieda Vasconcelos, o recente aumento da taxa Selic surpreendeu parte dos analistas e reflete uma confluência de fatores complexos. Entre eles, destacam-se as incertezas relacionadas à política monetária dos Estados Unidos, o risco fiscal, a desvalorização do real, a pressão inflacionária, o dinamismo da atividade econômica e o aquecimento do mercado de trabalho. “Esse cenário gera incertezas tanto para o mercado financeiro quanto para os setores produtivos”, afirmou Ieda.
Com o novo reajuste, a Selic alcança o maior patamar desde fevereiro de 2022, quando foi registrado um aumento de 1,5 ponto percentual. A decisão sinaliza ainda a possibilidade de mais dois aumentos de mesma magnitude, o que pode levar a taxa básica de juros a 14,25% ao final do primeiro trimestre de 2025. Diante desse panorama, analistas já começam a projetar um pico de juros entre 14,5% e 15% ao término do atual ciclo de alta.
No setor da construção civil, as preocupações são ainda mais acentuadas, especialmente em relação ao impacto sobre o financiamento imobiliário com recursos provenientes da caderneta de poupança (SBPE). Desde 2021, os depósitos na poupança vêm sofrendo redução, tendência que deve se intensificar no próximo ano. Esse cenário pode levar ao adiamento de novos lançamentos imobiliários e a uma desaceleração nas atividades do setor, ampliando os desafios enfrentados pela construção civil em um contexto de juros elevados.