Produtividade e industrialização da construção são impulsionadas por tecnologia e inteligência artificial.
Publicado em 15 de abril de 2025 por

A adoção de inteligência artificial (IA) em softwares de planejamento e a automação de processos estão transformando o setor da construção civil, promovendo mais produtividade nas obras. Esse foi o foco central do painel Tecnologia e produtividade na transição para a industrialização, realizado durante o Encontro Internacional da Indústria da Construção (ENIC), que acontece até esta sexta-feira (11), em paralelo à 29ª Feicon, no São Paulo Expo, pavilhão 8. O evento é promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
A busca por obras mais ágeis e com menos desperdício é um dos principais objetivos do setor atualmente. Para alcançar esse novo patamar de eficiência, Marcos Galindo, representante da CBIC e do PBQP-H, ressalta que o acesso à tecnologia precisa ser democratizado. “A produtividade envolve uma evolução em cada empresa, e cada uma sabe o estágio em que está. Todas devem ter um rumo e um objetivo, mas caminhamos para reduzir o tempo em obra, para progredir em termos de produtividade”, afirma.
O ENIC é uma realização da CBIC com a RX | Feicon, apoiado pelo Sistema Indústria e correalizado por SESI e SENAI. O evento conta com patrocínio oficial da Caixa Econômica Federal e do Governo Federal, além de apoio de grandes nomes como Saint-Gobain (no Hub de Sustentabilidade), Sebrae Nacional (no Hub de Inovação), Mútua (no Hub de Tecnologia), e outras instituições como Itacer, Senior, ABCP, Abividro, Abrafati, Anfacer, Sienge, Apex Brasil, ABDI, CAU/SP, Multiplan, Brain, COFECI-CRECI, CIMI360, Esaf, One, Agilean, Exxata, Falconi, Konstroi, Mais Controle, Penetron, Seu Manual, Totvs, Unebim, Zigurat e Yazo.
Entre as soluções discutidas no painel, destacou-se o uso de softwares com capacidade de projeto generativo, que se valem da IA para simular múltiplos cenários e encontrar soluções otimizadas de forma mais rápida. “Meu algoritmo trabalha para diminuir a área de produção e minimizar projetos de prateleira. Essas ferramentas existem como uma solução-base, em projetos generativos, e há uma multiplicidade de oportunidades e muitas ferramentas”, explicou Beda Barkokebas, professor da Pontifícia Universidad Católica de Chile.
No cenário internacional, o conceito de Lean Construction — ou construção enxuta — se apresenta como um modelo promissor. Ramon Pollnow, sócio-diretor da Kata Offsite, defendeu que o investimento em hardwares é essencial nesse caminho. “Primeiro pensamos em organizar processos e projetos para que o operador trabalhe de forma organizada, para ter o melhor resultado dentro de um ambiente controlado pela organização e pela estabilização de processos. Depois, investimos na mecanização para eliminar desperdícios, gerar menos tempo de ciclo e melhoria nas condições de trabalho”, destacou. A empresa aposta em equipamentos para atividades offsite, como montagem de estruturas, usinagem e fixação de painéis.
Outro ponto debatido foi a importância da industrialização no aperfeiçoamento dos processos construtivos. Rodrigo Fairbanks Von Uhlendorff, vice-presidente do SindusCon-SP, defendeu a adaptação das soluções tecnológicas à realidade local. Em cidades como São Paulo, por exemplo, onde os edifícios têm alturas cada vez maiores, a adoção de sistemas industrializados ajuda a melhorar a organização e o rendimento das obras.
“Aqui no Brasil, quando pensamos em 30 andares, pensamos em alvenaria estrutural. Mas existem vários sistemas integrados para trazer a industrialização para essa obra: kits elétricos e hidráulicos, fachada em monocapa, telhado no BIM, janelas e portas de encaixe. A industrialização dentro da alvenaria convencional ocorre em muitos multissistemas e o maior diferencial da nossa empresa são os ciclos.”
Os especialistas reunidos no ENIC concordam: o setor está passando por uma transformação acelerada, que deve tornar os canteiros de obras mais enxutos e eficientes. “Esse futuro já chegou e temos de nos adaptar a ele”, concluiu Rodrigo.